Precursor do Hip Hop em Braga, MC Zero tem deixado o seu contributo não só com a música que faz, como também com os diversos projectos em que se tem envolvido, desde a organização de eventos, à rádio e a uma loja dedicada ao Hip Hop. Recentemente lançou o seu álbum de estreia, “Introspectivo”.


Freestyle: Desde 1998 até aos dias de hoje, o caminho foi longo. Ainda te lembras da primeira vez em que pegaste num microfone?


Zero: Sinceramente não me lembro muito bem, mas tenho na memória as tardes passadas na casa do DJ Bandido com um micro todo podre ligado a um pequeno amplificador, onde o improviso era o que reinava.



Quais as principais dificuldades que sentiste por seres oriundo de Braga?


A maior dificuldade foi sem dúvida estar a par do movimento Hip Hop. Na altura não havia possibilidade de ter internet ou TV Cabo, ouvia muito rádio e os programas do José Mariño. O pessoal que ouvia o mesmo que eu eram por volta de 5 pessoas, logo era maior a dificuldade de evoluir e ganhar maior conhecimento sobre a cultura.



No álbum afirmas que és “daqueles que aprende primeiro, só depois reage”. Achas que esta foi a altura ideal para “reagires” com o teu disco de estreia?


Sem dúvida que foi a melhor altura. Este tempo todo deu para absorver toda a energia necessária. O método de aprendizagem foi mais lento mas eficaz. Consegui aprender com os melhores do movimento Hip Hop. Não queria aparecer só por aparecer, quis saber tudo o que se passava a nível nacional e acima de tudo conseguir ter a inspiração necessária para escrever...



O disco é uma edição independente da Partícula com o 2º Piso. Para quem não conhece, o que é a Partícula?


A Partícula é um grupo de três pessoas: eu, o DJ Bandido e o MC Alado. É algo multifacetado. Somos um grupo de rap, somos uma organização de eventos de Hip Hop em Braga, já fomos uma loja dedicada ao Hip Hop (mas como era muito fraca a nossa capacidade financeira tivemos de fechar...), somos o carimbo que nos representa no movimento de rap português.



E como surgiu a parceria com o 2º Piso?


A parceria foi surgindo ao longo destes últimos anos e acima de tudo começou pela amizade que foi crescendo entre mim e o Mundo. Depois de ele conhecer e perceber aquilo que eu pretendia fazer com o meu rap, abriu-me as portas do 2º Piso e pusemos mãos à obra! Neste momento posso dizer que é fantástico e de um enorme orgulho ser um membro oficial do 2º Piso.



Nota-se que tiveste um cuidado especial em evitar os “temas do costume”. Gostas de fugir ao convencionalismo? Achas que é uma mais-valia para o teu disco?


Sim, é um facto, mas não o faço propositadamente, é algo natural que tenho na minha forma de escrever. Se analisarmos bem, eu inspiro-me nos “temas do costume” pois é através dos “alertas” desses temas que eu escolho formas de encarar a vida e conseguir transmitir um maior positivismo, tentar dar mais valor aos pequenos pormenores, perceber que a nossa passagem por este mundo estranho não foi em vão...



Houve algum motivo especial para a escolha do tema “Toque” para single?


O motivo que me levou a escolher o “Toque” foi porque é o tema que retrata a ideia geral do álbum. É uma observação sobre os altos e baixos constantes no processo criativo de cada indivíduo, transmite força, coragem e auto-estima, ajuda a ter força de criar, independentemente do rumo que escolhes na vida, de forma a ficar tal como planeavas e com um certo “toque de elegância”.



Para o vídeo convidaste os teus companheiros de batalha para figurantes. Como surgiu a vossa ligação?


A nossa ligação já é bastante antiga. O DJ Bandido conheço desde miúdo, vivíamos no mesmo bairro e desde aí temos andado sempre juntos nestas andanças, o MC Alado conheci no secundário, era um dos meus parceiros das longas viagens até às míticas Nova Gaia Hip Hop Sessions no Hard Club (bons velhos tempos...), daí que a forma de trabalhar entre nós seja bastante simples e eficaz, já sabemos bem o que cada um de nós pretende e o esforço é mútuo. 



Foste responsável pelo programa “Código” na Rádio Universidade do Minho durante cerca de 6 anos. Porquê o fim desse espaço radiofónico, em 2008?


O programa chegou ao fim pois já estava saturado! Tanto eu como o Milona (amigo que me acompanhava no programa) vimos que seria melhor ficar por ali em vez de o fazer só para dizer que trabalhávamos na rádio... A nossa ideia era fortalecer o Hip Hop nacional com duas horas de emissão, mas a música e os artistas começavam a ser repetidos, pois os lançamentos de álbuns e mixtapes eram escassos e queríamos algo novo mas tal não acontecia... Achámos de bom senso “baixar o volume das nossas vozes” e partir para outra.



Gostavas de voltar a liderar um projecto desse género?


Nem por isso... Foi uma óptima experiência mas não pretendo repetir. Tenho em mente um pequeno projecto relacionado com a rádio e o 2º Piso, mas não é como locutor, é só um reforço ao já existente programa da rádio RUM 97.5 FM intitulado de RUMDMC. É uma ideia que está a ser cozinhada e se tivermos bons ingredientes, pomos os pratos na mesa!



Foram vários os convidados do álbum, mas há um que se destaca por não ser do meio Hip Hop. Como surgiu o convite a André Covas, guitarrista dos Peixe:Avião?


Foi bastante simples, o André antes de sonhar que um dia os Peixe:Avião iriam existir, e ter o mérito que têm hoje, era guitarrista de uma banda de metal onde o meu irmão era o vocalista. Assim, numa semana em que o produtor Hermitage estava em minha casa a produzir o tema “Táxi”, lembrámo-nos que uma guitarra a dar aquele toque funk ficava engraçada... Bastou pedir ao meu irmão para telefonar ao André e dez minutos depois estava já em minha casa com a guitarra na mão



Até ao momento, o disco foi apresentado ao vivo unicamente pelo Norte do país. Tens planos para concertos nas zonas Centro ou Sul? 


Eu gostava bastante de viajar um pouco mais para Centro e Sul, estou a fazer promoção ao meu trabalho da melhor maneira que posso e é uma questão de receber e apresentar propostas para concertos por parte de quem é responsável por tal situação...



Quais os locais onde é possível adquirir o álbum?


O álbum pode ser adquirido nas lojas Louie Louie, Skills Skate Shop e Fnac. Se pretenderem podem encomendar através do meu MySpace.



Enquanto precursor do Hip Hop em Braga, quais os nomes emergentes do Hip Hop minhoto que achas que devemos ter debaixo de olho?


Fiquem bem atentos ao MC Alado, a mixtape “A Magia Está De Volta” já está disponível para download no MySpace, temos os Data Base Groove que vão lançar para breve um EP, e temos muitos MCs da nova escola com bastante atitude, como o MC Cronos, entre outros... 




Por: Daniela Ribeiro

Fotos: Gentilmente cedidas pelo artista

FREESTYLE/2010 

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