Muitos seriam os nomes a listar se abríssemos o álbum de família desta crew. Submundo é um nome que inspira os ares do Algarve e expira descontracção. Em doses de actividade incontida marcam a cidade em todas as frentes e transportam-na para o mundo com o código 8125. Ema, Wuser e Shakkal são os porta-vozes de um “batalhão”, nesta pequena entrevista.  


Freestyle: Oito anos de Submundo, que intervenientes permanecem desde o início?


Todos os elementos que passaram na «recruta» nunca mais saíram, mesmo sem funções activas continuam do nosso lado. Todos os dias há movimento no Submundo, nem que seja um mero convívio. Todas as semanas há gravações. Se pararmos é somente por problemas técnicos. Alguns podem estar um ou dois meses sem aparecer, mas voltam sempre ao quartel para manter as rimas em dia.



Como é que a crew cresceu tanto? Devem ser poucos os MCs de Quarteira que não pertençam a Submundo... 


O nosso crescimento deu-se devido ao excelente desempenho de todos os membros do grupo. Em conjunto, conseguimos marcar a nossa existência sem a ajuda de cunhas ou através de qualquer tipo de favores. Tivemos somente o apoio dos rappers mais old school da cidade, membros do CS14 (Lois, Biex, Odeo aka Twism). Os elementos do Submundo são essencialmente pessoas oriundas de Quarteira, embora tenhamos filiados espalhados pelo país e um pouco por todo o mundo. Já demos apoio a muitos mcs que, hoje em dia, seguem as suas próprias carreiras, tendo ainda, alguns deles, mantido uma ligação mais estreita ao Submundo. 


Quantos elementos abrangem? Conseguem estimar um número?


Não temos um número certo, mas devemos rondar as duas centenas, entre mcs, writers, b-boys, djs e alguns apoiantes que nos acompanharam ao longo destes anos e que também fazem parte desta grande família.  



É notória a repercussão no currículo, vocês são imparáveis na edição de EPs, álbuns e mixtapes, embora muitos sejam oferecidos por net. Porquê esta gratuitidade?


Se soubéssemos que ia render, é claro que vendíamos, mas no underground português não existe mercado para vender cds. O objectivo principal foi atingido, e este é passar a mensagem a qualquer indivíduo que a queira receber. Se fossemos passar a mensagem através da venda, esta teria um alcance muito curto. Assim estamos acessíveis a todo o mundo!  



Onde gravam habitualmente e quais são as vossas condições de gravação?


O Submundo é o nosso estúdio. Tudo partiu daqui, expandindo o nome, a imagem e ideais. As condições não são as melhores nem as mais adequadas, porque não temos possibilidades de investir mais. Temos o básico para conseguir uma qualidade razoável.

Um dos grandes passos para uma melhor qualidade foi a construção de uma cabine de som. Com tábuas, pregos, placas isoladoras, silicone e caixas de ovos, construímos a cabine que nos permitiu obter uma melhor gravação a nível de voz. Fizemos também, recentemente, uma bancada onde temos o material de dj e todo o restante material de produção. Esta última aquisição deu mais dinâmica ao estúdio.  



O quinto volume da mixtape "Férias no Algarve" é o mais recente registo. Como foi o processo de gravação e como conseguem sempre organizar tantos MCs?


O Verão é um período dedicado a esta mixtape. Nessa altura conhecemos muita gente, desde mcs, djs e produtores que passam por Quarteira. Estes são apresentados ao Submundo e acolhidos como família. Para muitos, o Submundo passa a ser local de referência nesta época. Desde o início ao fim da época balnear, todos os que passam por cá são convidados a participar na mixtape e, assim, obtemos produtos como o deste ano, com um total de quarenta faixas.



Sentem-se favorecidos pelo factor localização?


Somente pelos motivos que acabámos de referir. 




Em termos de conexão nacional, quais são as crews ou os grupos com quem têm ligações mais estreitas?


Foram criadas várias conexões dentro e fora do país e a ligação é forte com todos aqueles que pensam em voltar ao Submundo. Mas a mais estreita mantém-se entre os representantes da crew.



Há rivalidades dentro da crew? O que se passa entre o Pilantra e o Ikinho? 


Submundo não comenta o incidente... 



O que estão a preparar actualmente?


Temos vários projectos definidos e outros ainda em fase de esboço, sem datas marcadas para lançamento. Aqui há sempre vários projectos em andamento, o estúdio nunca pára em torno de um só projecto. O projecto mais importante é o de Operações Especiais, o grupo «principal» de Submundo. Este está em fase de construção, mas ainda há muito trabalho para fazer.



Em vosso entender, há alguma característica que distinga o rap algarvio?


Nós falamos só por Quarteira. Cada cidade tem as suas características independentes. Podemos afirmar que Quarteira foi o berço do rap algarvio e teve impacto na sua expansão pela região. Aqui a mensagem corre pelo underground, o estilo é sulista e mantemo-nos sempre fiéis às raízes onde tudo começou. Como todos, também temos as nossas influências, mas isso depois já depende de mc para mc.



Além da música, a crew alcança outras vertentes. Quem são os vossos writers e b-boys?


Não vamos referir nomes, somos Submundo! Temos actualmente grandes representantes nos graffiti, com bastante incidência no Centro e no Sul do País. Temos b-boys que se reúnem diariamente para treinar as suas habilidades e temos também djs em crescimento, quase prontos a aparecer.



Qual é o vosso lema?  


Aqui, cada um tem o seu lema e é a união de várias filosofias que forma o nosso produto.



Querem deixar uma rima para a Freestyle?


Rimas deixamos muitas! Suficientes para a revista e para todos os leitores, confiram em myspace.com/submundo 



Palavras finais


Submundo na casa! Paz!




Por: Sofia Meireles

Fotos: Gentilmente cedidas pelo artista


FREESTYLE/2009


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