Faz graffiti há 10 anos. Começou por ser SENER mas, para ser mais rápido, abreviou para SEN. Teve o seu boom através do fotolog e é, provavelmente, o writer mais completo do Algarve. As suas produções tornaram Olhão um local de passagem obrigatória


Qual foi o teu primeiro contacto com o graffiti?


SEN: Tenho três grandes nomes a mencionar. Primeiro, FRANK e o DEZOR, de Faro, porque foi devido a eles que comecei a pintar. Via as cenas deles em 99/2000, mas não pintava em Faro, fazia as minhas cenas em Olhão junto com um amigo meu que era o REBEL, que começou a pintar comigo. Mega props para vocês manos



O que é para ti o graffiti?


Vício diário. Os pulmões são que estão a sofrer. Agora só com máscara, quando a tiro parece que tenho um stencil na cara. É mesmo importante usar máscara para nos protegermos.



Com que regularidade pintas?


Penso e faço graff todos dias, mas tenho muita sorte porque sou pintor de construção civil de profissão e agradeço ao meu pai, que também é pintor, por me ter ajudado a mexer na tinta.



Quais são as tuas influências?


Hoje, em Portugal, só o EPHAN é que me puxa, porque sei que ele está activo todos os dias. Pinta comboios, mas não encontras as cenas dele na net. Só pinta para ele e para os seus. No streetbombing  o QUE? dos R1, é para mim, o mais fodido de Lisboa, tanto  em quantidade como em qualidade. Quando comecei, as minhas influências eram o BYZAR34 , R1, 3D MOSAIK e OBEY.



Tens quase todas as fotos no fotolog, porquê?


A questão é que se eu fosse de Lisboa estaria muito mais exposto. Lá, pintas para quem pinta, aqui não tenho ninguém. Como é que vou ter reconhecimento? Só uso net e fotolog por isso, também porque é uma maneira de ver o que os outros writers estão a fazer. Há pessoal que pinta em fábricas e que se não puser a foto na net nunca vais saber. Antigamente metia fotos novas todos os dias, agora já não.



Ao contrário do que muita gente pensa és um writer completo. Além de fames pintas trains.


Aí tenho de mencionar o nome do EPHAN. Quando fui sozinho a Lisboa para pintar trains foi o único que me levou. O MIKS também foi muito fixe, levou-me a pintar o sub e eu nem estava à espera, porque só lhe tinha pedido um Sintra. Foi um medo…entrámos pela estação às dez da noite, pintei na cabeça porque, na plataforma, além de ser ver da estação, não ia conseguir tirar foto. Mas já fiz trains no Porto, no Alentejo, em Lisboa só não fiz fertagus.



Isso já te provocou problemas com a justiça, não?


Até agora só tive dois, o que, tendo em conta o tempo a que pinto, até é pouco. Fui apanhado a pintar trains e paguei as duas multas. Entrei em acordo com a CP para não ter mais problemas.



A cidade de Olhão está toda pintada...


Olhão agora está-se bem. Já tive muitos problemas. Quando comecei só pintava nos hot spots e passava a vida na esquadra, mas hoje pinto mais à vontade. Eles passam por mim, mandam-me guardar as latas e dizem para voltar mais tarde, dependendo dos bófias, claro. Por exemplo, temos um que é o Eddie Murphy, o gajo é igualzinho ao actor (risos) até cheguei a fazer um graff para ele. De todas as paredes pintadas não há uma única que seja legal, mas é chegar e pintar. Antes fazia imensos silvers, mas agora estou a tentar limpar a cidade e torná-la mais bonita, com peças mais trabalhadas.






E tens uma boa relação com a Câmara Municipal de Olhão?


Tenho e quero aproveitar para lhes agradecer por me terem ajudado a legalizar algumas paredes e terem aceitado os meus trabalhos. Um muito obrigado em especial ao Sr. Francisco Leal. 



Vimos agora uma fachada de um prédio que tu fizeste. Era um objectivo. Conta-nos isso.


O presidente pediu-me um projecto mas não consegui falar mais com ele e a única coisa que me disse foi para lhe deixar as moradas das paredes que queria. O papel que tenho não menciona o prédio, tem só a morada da rua. Com o papel já na mão, montei os andaimes e comecei a pintar. Nesse dia havia eleições e as votações são feitas na escola em frente ao prédio. O presidente passou lá, parou o carro e disse «está brutal!». Entretanto os moradores dos outros prédios já me disseram que queriam que pintasse o prédio deles também. Estou farto de fazer graffs do mesmo tamanho, estou a tentar fazer a diferença para maior. Se no estrangeiro vês graffs gigantes porque não fazer o mesmo por cá?

 

Quais são, para ti, as diferenças entre Lisboa e Olhão?


Acho que em Lisboa há muito potencial em termos de estilo mas são todos muito preguiçosos. Por exemplo, aqui pinta-se uma parede até cima, não se crossa quando ainda há parede livre. Olha a parede das Amoreiras, ninguém pinta até cima e, além disso, até dão silvers!! Em relação ao bombing acho que é o respeito máximo, é a capital dos graffiti. Cá em baixo há trains e quase ninguém os faz, já em Lisboa inventam backjumps só para pintar…adorava poder passar uma temporada em Lisboa.



Tens ligações às restantes vertentes?


Tenho amigos que cantam e sempre que saio à noite para pintar levo hip-hop tuga no mp3. Adoro DLM e até gostava de fazer um graff para eles. Aqui no Algarve curto os Submundo, de Quarteira e mando props para os Poetas do Guetto, que são da cidade de Olhão.



O Algarve está no mapa?


O Algarve está no mapa e sinto que Olhão é a capital dos graffiti em Portugal, mas tenho de respeitar Lisboa e o Porto porque é onde o movimento está mais activo. Olhão é diferente, porque é a única cidade em que é tudo legal, pode-se pintar a qualquer hora do dia.



Vandalismo ou Fame?


Fame, porque ao fazer fame tenho mais oportunidades de pintar à luz do dia.



Tags ou sketches?


Tags, porque gosto de marcar o meu nome por todo lado. É um vicio.



Um sonho que tenhas por concretizar.


Curtia ir pintar a Nova Iorque porque sei que foi lá que nasceram os graffiti



Queres aproveitar para deixar Props?


Sim. Para a minha mãe, pai, irmã, Bruno da loja FLOW, HAMER, FRANK , DEZOR, EASY, Juliano, 4SALE, RAST, EKO, HERIO, SECO e para todos os meus crews, DBK, TBM, GNZ, ADN; ao BEAN do Porto. Se não fosse ele não tinha pintado nada lá, também props para o EPHAN de Lisboa e para todos que me conhecem e os seus crews, para uma gaja que gosto bué mas não vou pôr o nome dela, apenas vou meter LOUCURA, e em último máximo respeito para a revista Freestyle pôr ter tido a iniciativa de me entrevistar.




Por: Martim Borges

Fotos: Gentilmente cedidas pelo artista


FREESTYLE/2009


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