"Monstro Robot" é o nome do primeiro álbum de originais lançado pela Monter Jinx e executado por três super-heróis com vidas duplas: Stray, Darksunn e SlimCutz. Trabalham juntos há dois anos e a música que fazem é, sobretudo, séria. Imagem que contrasta com a "palhaçada" numa conversa de jardim
Freestyle: Numa visão geral do Hip-Hop, vêem alguma evolução desde a época em que começaram?
DarkSunn – Sem dúvida que sim. De há 10 ou 15 anos para cá a maior diferença é a grande exposição do Hip-Hop como cultura e as infra-estruturas que foram sendo criadas. Antigamente, não tínhamos lojas dedicadas à cultura urbana. Não havia street wear, por exemplo. Em relação às lojas de discos, tínhamos a Virgin e a Valentim de Carvalho e só depois a King Size veio modificar tudo. Em termos artísticos houve progressão musical, das líricas e do flow.
Trabalham bem os três?
Stray – Sim, embora tenhamos centenas de quilómetros a separar-nos. A internet é nossa madrinha e torna-nos mais próximos, além de divulgar a nossa arte. Trabalhamos bem, sobretudo porque temos uma confiança extrema e incondicional, uns nos outros, ao ponto de aceitarmos sugestões mesmo que não estejamos absolutamente seguros de determinada escolha. Além disso, há uma grande dose de respeito mútuo e embora cada um tenha a sua tarefa, elas acabam por ser partilhadas.
Qual vai ser o processo de divulgação do Monstro Robot?
SlimCutz – Temos um exclusivo temporário com o Myspace Portugal para download gratuito. Depois, sairá através da nossa editora que será a primeira net label do género portuguesa. A Monster Jinx vai lançar projectos de boa música, com algo fresco e inovador. A edição discográfica vai funcionar com downloads gratuitos, qualquer que seja o trabalho a lançar e independentemente da sua edição noutros formatos.
Não têm medo de deixar de vender?
Stray – Não. Nós somos muito próximos de quem gosta de nos ouvir e, como tal, queremos dar-lhes algo extra. Oferecemos-lhes o download da nossa arte e quem se sentir mais próximo do nosso som vai ter o vinil ou a edição especial para compra.
De onde surgiu a ideia de parceria com o Myspace?
Darksunn – Foi um convite directo que nos fizeram. Entraram em contacto connosco e, depois de discutirmos a proposta, resolvemos aceitar. Para nós é um orgulho muito grande e uma excelente forma de divulgar os nossos trabalhos.
A internet é uma boa montra de exposição?
Stray – Sim, sem dúvida nenhuma. Foi e é um meio fundamental para me dar a conhecer. No início, não conhecia ninguém que ouvisse Hip-Hop e foi através do suporte internet que encontrei pessoas que falavam a mesma linguagem do que eu. Foi através da net que comecei a mostrar o meu trabalho. Inclusive, a primeira editora com que trabalhei descobriu-me na internet. Hoje em dia, não estar online representa não estar no mundo.
Vocês estão perfeitamente adaptados às novas tecnologias e ao consumidor actual…
SlimCutz – Claro. Sem dúvida.
Como caracterizam o consumidor da vossa música?
Stray – É um gajo esquisito, que tem problemas na vida. Se calhar é nerd, sendo que, para nós, ser nerd é fixe, é o nosso lema. [Risos] Grande parte das pessoas que nos ouve são músicos e a outra parte é de Hip-Hop mais alternativo, mas também há quem não esteja directamente envolvido na cultura e aprecie o nosso trabalho. Digamos que temos conseguido uma grande aceitação por parte do público em geral. Pessoas que nunca estiveram sequer próximas de nos ouvir, já se têm rendido à nossa sonoridade e isso é bom.
Vão adoptar sempre esta plataforma de fazer Hip-Hop ou hão-de mudar de estilo?
Stray – Eu faço assim porque é como gosto de fazer. Não acordo de manhã e digo: «Vou ser indie». Faço assim desde sempre, desde quando nem sequer sabia o que era ser rapper. Espero evoluir e posso vir a abraçar outras formas de fazer Hip-Hop, mas mudar radicalmente de estilo é impossível. Nós fazemos música em Portugal que gostamos de ouvir em português e isso basta-nos. Fazemos a música que gostávamos de ouvir em português se fossemos meramente ouvintes.
Por: Cátia Viegas
Foto: Martim Borges
FREESTYLE/2009