Lagaet, nascido na Martinica, vive em Portugal desde 2004 e é B-Boy dos Momentum Crew. No final de 2009 foi o representante nacional no RedBullBCOne que este ano teve lugar no berço do Hip Hop, Nova Iorque. Fomos saber como foi essa experiência e como é o dia-a-dia do Lagaet



Freestyle: Como surgiu a tua ligação ao Hip Hop?


Lagaet: Muito engraçado, foi no meu país uns anos atrás, em 2002, naquela altura, como muitos também jogava à bola. Um dia apareceram uns gajos de roupa larga a rebolar pelo chão, o que no meu país não era normal ver, ainda mais naquela altura, aquilo despertou-me curiosidade. Um dia estavam a dançar numa praça e eu experimentei,  foi fácil para mim, consegui logo à primeira. Depois conheci o estilo de power move, gostei, fui fazendo, evolui, primeiro um move, depois outro.



Como se deu a tua ligação a Momentum Crew?


Conheci o Max em Paris numa competição de vários estilos, ele estava a representar Portugal em locking, eu morava em Montpellier no sul de França e ia representar b-boying. Ficámos amigos, vim a Portugal várias vezes e como me sentia bem cá pensei, “o que estou a fazer em França? Sinto-me melhor em Portugal.” Gostei muito das pessoas, já tinha o meu grupo que considerava família e foi assim que vim para cá em 2004.

Onde fazes os teus treinos?


Temos uma escola de dança chamada Dance Fact onde grande parte dos membros de Momentum dão aulas de b-boying, temos aulas de Poping, Locking, New Style, Dance Hall e também temos aulas para miúdos. Aí é onde treino e dou aulas para além de estar agora a trabalhar no Casino de Espinho.



Quanto tempo treinas por dia?


Normalmente treino um mínimo de 3 horas por dia. Neste momento ultrapassa, os ensaios têm uma média de 8 a 10 horas por dia e nessas 10 horas não estou sempre em palco e nesse tempo livre aproveito sempre para treinar. 



Neste momento estás num espectáculo no Casino de Espinho, fala-nos sobre isso.


O nome do espectáculo é Michael Jackson Tribute Dance, neste momento estamos em Espinho mas na altura do verão devemos estar no Casino de Vilamoura. Dos Momentum Crew estou eu o Max e o Mix, somos artistas convidados, o Max é o Michael, eu e o Mix fazemos parte dos Jackson five, a estreia foi ontem, dia 14 de Janeiro e correu muito bem. 

O público aceitou muito bem o espectáculo.



Como surgiu o convite para o RedBullBCone? E como reagiste?


O RedBullBCone fiz este ano mas o ano passado já era para ir depois acabou por não se concretizar e tive sempre esperança que passasse para o ano a seguir. Só tive a confirmação antes do verão de 2009, e como é lógico toda a gente no mundo quer participar de um torneio onde estão os 16 melhores do mundo, saber que faço parte disso é optimo. É bom para mim e para o meu grupo.



Achas que estamos ao nível internacional?


Muito sinceramente não posso falar no geral porque Portugal tem diferenças de nível. Neste momento, na minha opinião, está a evoluir muito mas não está ao nível internacional fora membros do meu grupo que estão ao nível internacional e isso está provado. Temos vídeos na internet com tudo o que já temos feito, já batalhamos contra a Coreia, os Estados Unidos, campeonatos da Europa, do Mundo, temos ganho várias coisas.



O que achas que falta?


Várias coisas. Talvez procurar as informações certas, porque acredito que em Portugal temos B-Boys que treinam muito mas nem sempre tem a ver com o muito treino, às vezes temos de treinar na direcção certa. Devem investir também em viagens, nós, Momentum Crew, no início não ficámos logo conhecidos, investigamos, preparámo-nos e investimos em eventos. Foi assim que fomos ganhando convites, neste momento temos convites que nem sabemos o que fazer. 




Como foi a experiência?


Foi boa. Como viajámos muito as pessoas que vemos já conhecemos e são amigos e é sempre bom vê-los e estar com eles, partilhar. O RedBullBCone é um evento muito comercial temos muitas coisas para fazer, fotografias etc…e é bom não só para mim como para Portugal visto que é a primeira vez que aparece na competição. É um dos maiores eventos senão o maior evento de um contra um a nível internacional, por isso sim, foi uma experiência boa.



Como foi o dia-a-dia?


O dia-a-dia em Nova Iorque não é nenhum descanso, estive lá uma semana e como disse é um evento comercial. Muitas sessões fotográficas, vídeo, media, entrevistas, às dez da manhã já estamos de pé a fazer entrevistas, temos um programa para o dia onde temos várias coisas para fazer, treinos, fotos etc…

Também tivemos a oportunidade de visitar de Bus tour a cidade com o Grandmaster Caz a acompanhar. Deu para conhecer a cidade onde tudo começou, foi muito interessante.



Como foi a battle com o Neguin?


É um momento que eu espero sempre, por mim correu bem, acho que representei apesar de não ter passado da primeira batalha mas é como digo, a este nível é tudo muito subjectivo, depende de muitas coisas, se o chão desliza muito se sinto a música e a conheço, se estou em forma, depende de muitas coisas. Hoje ganho eu, amanhã perco.



Estavas à espera que o Lillou ganhasse?


Não. Sinceramente não. Mas a este nível só se sabe mais ou menos quem não vai ganhar (risos) porque depois é muita gente para se saber quem vai ou não ganhar.



Qual era o teu objectivo?


Divertir-me e representar o meu grupo. Queria fazer um bom resultado mas já estar no BCone já era um bom resultado, queremos sempre ir mais longe, desta vez não deu.



Obtiveste um segundo lugar no R-16 na Coreia, como foi esse evento?


Os Momentum Crew foram convidados para esse evento, o ano de 2009 foi por acaso o melhor ano em termos de eventos, competimos nos melhores eventos. O R-16 é um deles, um prémio de 150 mil dólares que é por si só uma coisa do outro mundo. É um evento de grupo que participámos e depois tens o individual onde cada crew escolhe um membro para a representar, nesse evento estavam muitos que também participaram no Bcone, como disse antes na R-16 fiquei em segundo no Bcone não passei da primeira fase, isso não quer dizer nada. Nesse dia por acaso estava tudo a correr mal, a viagem é muito longa, apanhámos três aviões, chegámos sem malas e o evento de um para um era no dia seguinte, fiz a batalha com a mesma roupa com que fiz a viagem, arranjei um boné e um punho que um espanhol me emprestou e foi assim, estava tudo a correr mal mas a batalha acabou por correr bem, ganhei a nomes que estão muito em cima como o Kolobok da Ucrania, Soul Soy dos Gamblerz Crew ganhei também ao Tony Rock dos Top Nine Crew da Rússia uma das melhores Crews do mundo neste momento e perdi na final com o Roxrite que é um americano muito bom, a final não correu tão bem mas foi muito positivo.



Próximas competições?


Agora com o Casino é díficil, depois do BCone então já recusei tantos que até me custa. Recusei Brasil, Tokyo, Bélgica, tantos que já nem me lembro. Antes mesmo de tu chegares recebi um convite para um espectáculo do género deste mas internacional, com grandes nomes, mas tenho contrato e vou ter de dizer que não. É uma companhia chamada Blaze que faz espectáculos por todo o mundo e é muito conhecida. 



Últimas palavras.


Agradecer à revista por pensarem em mim e pela entrevista. Por se interessarem pelo Bboying, ajudam isto a crescer e dá a conhecer a cultura às pessoas e isso é importante. Big shout out!




Por: Martim Borges

Fotos: Gentilmente cedidas por Red Bull


FREESTYLE/2010

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