De Portimão (Algarve), Arquitecto de profissão, Dj/Produtor de street music, Inline skater nas horas vagas, viveu 5 anos na Pontinha, enquanto estudou em Lisboa, de volta a Portimão, lança e participa em álbuns, mixtapes, concertos e dá workshops pela Kimahera ou como freelancer.


Freestyle: Há quanto tempo produzes e como é que tudo começou?


Sickonce: Comecei por volta de 98/99, ou seja 10 anos. Como começou? Por ouvir muita música e me interessar pelo processo. Esse interesse levou à vontade de experimentar a brincar com uns samples. É viciante…



Estudaste música... Em que consistiu e como te ajudou como produtor? 

São bases, não me condicionam nem me marca uma forma de trabalhar, até porque uso muito “sampling”, mas servem para estar mais à vontade para trabalhar com misturas de samples/ sons tocados e ter uma maior sensibilidade musical. Para além de ter noções em alguns instrumentos musicais, principalmente no piano.


Gijoe vs. Sickonce?


Gijoe enquanto DJ, Sickonce enquanto Produtor. Normalmente apareço como Gijoe, foi o nome de guerra que me deram de inicio, mas a partir de uma certa altura achei que gostaria de separar um pouco o Djing da produção, o live, da parte mais caseira/estúdio, então comecei a assinar as produções com Sickonce. Sickonce é um jogo com a palavra "sequence", ou “sick” + “once” (uma vez doente, sempre doente, ou doente para sempre, onde a doença é a minha forma de produzir).



Que ferramentas usas para produzir?


Uso software para samplar o que retiro de vinil ou cds ou alguma fonte áudio, depois produzo com software, com auxílio de controladores Midi (teclados e pads) mais a 1000, e alguns instrumentos quando estão à disposição.



Hardware vs. Software, o que tens a dizer?


Os dois! Basicamente uso os dois como quase toda a gente, hoje em dia.

Depende do gosto de cada um, não há diferenças na qualidade de som, no máximo há ruído a entrar nas máquinas mais antigas diferente do ruído que entra nas novas, e há pessoal que gosta desse som final. Portanto tem tudo a ver com o que fazes, com os sons que utilizas e com a preocupação/conhecimento técnico que tenhas na forma como produzes. Mas essencialmente é como te der mais jeito para pores o teu sentimento no beat. 



O que é que vem primeiro? Kick & Snare ou o sample? 

Normalmente começo pelo sample, samplo várias cenas, levo semanas que não faço um beat, só corto samples, crio uma base de samples. Depois faço uns quantos beats daí. Ou seja, geralmente é sample, depois batida, depois baixo e instrumentos, scratch... Mas há certas situações em que tenho um ritmo na cabeça ou uma velocidade e aí parto da bateria.


Tens alguma década predilecta que costumas samplar ou estilo de música?


Não, tenho é fases. Há alturas que me apetece andar a samplar soul, outras cenas mais rock, etc. Assim há décadas melhores para cada uma dessas áreas, mas não me limito, o que interessa é samplar música que gosto, e reutilizá-la, dar-lhe uma nova vida.



Tens alguma rotina diária entre o trabalho/produção/mistura? 

Tenho um horário a cumprir na minha profissão e, por vezes, ainda trago trabalho para casa, mas praticamente todo o meu tempo livre é para a música, ou estou a samplar, ou estou a produzir, ou a gravar uns scratchs, ou estou a gravar alguém no estúdio, ou em concertos. Só por si dava para me ocupar as 24horas do dia, mas não me paga contas, nem sei se quero que pague porque felizmente não dependo da música, trabalho em arquitectura e assim a música mantém-se “in a safe place” e faço-a como quero. Mas sempre que estou a ouvir música estou a pensar nisso, e por vezes, até na hora de almoço aproveito para avançar um beat, ou samplar algo, ou seja, aproveito todo o tempo que tenho livre para música, não é pensado, mas acaba por ser uma rotina.



Quais são as tuas referências a nível de produtores (estrangeiros e nacionais)?


Tommy tee, Premier, Cunninlynguists, Dj Vadim, Kanye, Stk, Ride, Pete Rock, Rjd2, aceyalone, avalanches…


Em que trabalhos recentes podemos ouvir produções tuas?


“Banda Sonora” (do TWISM), “Gijoe & Spell – Duelo Mental” (versões Original e Instrumental), “Choque Verbal”, “Calendário Sickonce 2008”, “James Brown – tributo”, “Vamos dar ouvidos ao fado” e “Último Acto” (do Reflect).


Em que consistiu o teu projecto original "Calendário"? 

O calendário sickonce 2008 surgiu de uma ideia que tinha de fazer um álbum instrumental, que já andava na minha cabeça há uns anos, mas não tinha um conceito que me justificasse fazê-lo, com a cena? do calendário apareceu o conceito, e limitou-me a 12 + 1 meses, surgiu a ideia de trabalhar com o designer Samuel Simões e acompanhar os beats com imagens. Era o que me faltava para escolher o beats e trabalhá-los com uma justificação, um conceito forte. O passo seguinte foi mesmo como editar, e optei por ceder os beats pelo site da editora, e torná-lo mais interactivo fazendo um mini concurso de participações nos beats aberto a Djs, Mcs, cantores. Foi muito positivo porque apareceram cenas boas, e malta nova teve oportunidade de mostrar trabalho.


Calendário 2009? 

Calendário 2009, não fiz para não matar o conceito, fazer uma pausa, e porque 2009 é um ano que estou, já com 4 álbuns de produção nas mãos, aos quais me quero dedicar a 100%.



E que futuros trabalhos tens na manga?


A minha nova mixtape (porque a vou misturar e por scratch de principio ao fim) toda produzida por mim que vai ter o nome de “Palavra de Músico”, “Tribruto” (Constituído por mim como Dj e Produtor, e os Mcs RealPunch e Kristo), “Deep:her” (Constituído por mim como Dj e Produtor e a cantora/compositora emmy curl), um registo com o Nerve e estou a acompanhar álbuns como o de APC.



Kimahera... O que é? E como surgiu? 

Oficialmente, Kimahera é uma editora independente com estúdio próprio, mas acaba por ser mais que isso. É um conjunto de artistas, principalmente do Algarve, que colabora entre si, na música, nas artes gráficas, entre outras áreas e que consegue levar projectos de vários tipos de início até praticamente ao final do processo, com a parte “ao vivo” incluída. Surgiu muito naturalmente, como resposta à necessidade de controlarmos, de forma independente mas organizada, o nosso processo criativo.


O que sentes em relação ao movimento Hip-Hop Algarvio comparado com o resto do país?

Actualmente, vejo que existe de tudo, como no resto do país, existe muita gente a trabalhar a sério, com respeito pelo que está feito, gente a inovar, gente preparada para saltar à vista de todo o país. Mas já existe o contrário, malta que, tal como no resto do país existe, não se está a preocupar minimamente com o que deve ser feito. Mas há uma questão que se põe e que é inevitável, os artistas do Algarve (ou fora dos grandes centros) têm de lutar o dobro pelo mesmo reconhecimento, principalmente a nível de outros artistas que vivem nos grandes centros, que se fecham muito. Há muita coisa a passar-se por cá, tal como vejo isso a acontecer com a nova escola do Porto. Mas é uma situação um pouco diferente porque é uma zona que já teve bastante força a nível de hip-hop nacional. Cá há um movimento formado, há pessoal com valor em todas as terras do Algarve, concertos diversificados, mas é tudo muito local, não é fácil ter uma projecção e reconhecimento mais geral, independentemente de maior ou menor valor que os artistas de cá tenham, que a meu ver não é nada inferior ao resto do país. 


O que é que tens ouvido ultimamente?


Heltah Skeltah! Yarah Bravo, Nerve, Cunninlynguists, Dizzie Rascal, Malta da nova escola do norte, Outerspace, Promoe, Babu, Tribruto, emmy curl, Tonedeff.



Deixa uma dica para os nossos leitores 


Sejam mais diggers! Procurem tudo, só com o interesse e procura de cenas novas e antigas é que se podem criar novas coisas e evoluir, senão não passa tudo de fotocópias do que está agora na crista da onda, a nova moda e vão estar sempre um passo atrás desses. Criem recriando, não recriem o já recriado. Para isso procurem, pesquisem, abram as cabeças, vão a concertos. Há muita coisa boa a ser feita cá e lá fora!


 


Por: DJ X-Acto

Foto: Natasha Cabral


FREESTYLE/2009

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