O digno representante do bombing do norte do país. Ao FYND Hall Of Fames não interessa, o que interessa é chegar mais além.


Freestyle: Como foi o teu primeiro contacto com graffiti?


Fynd: Foi praticamente zero, comecei só por dar tag´s e outlines com os meus amigos de infância. Não sabia bem o que era graffiti, na minha cidade não havia, estava tudo limpo, havia mais quatro ou cinco writters como eu a começarem na mesma altura. Não havia lojas de latas, só o Continente e drogarias, não existia internet, nem revistas e vídeos como agora. Ou melhor, haver até já havia, eles é que ainda não tinham chegado a minha cidade. Nessa altura também era um miúdo, não saia da zona. Pode-se dizer que foi um início um pouco complicado, ao contrário de quem começou bem mais tarde.



Fala-nos das tuas influências no início do teu percurso.


Eu adorava escrever o meu nome em todo o lado, isso era a minha influência principal. Comecei a tentar fazer graffiti mais tarde e, com os tempos, fui conseguindo e vendo outros que iam aparecendo iam-me dando mais vontade de fazer e tomar iniciativas.



Quem são as tuas referências?


A principal é o meu crew GMB. Éramos únicos, durante muitos anos fomos os únicos a fazer graffiti real, aprendemos muito uns com os outros, com eles vi e aprendi muita coisa. Os DSA destruidores da altura, o OBEY, LOUD, INOX, EXAS, SKTR, acho que foram os primeiros a virem ao Porto pintar, pelo menos muros, que foi o que vi e, na altura, não havia nada aqui, só mesmo nós. Curtia à brava o BYZAR, ele não vinha aqui mas, quando fui a Lisboa, em 1998, 1999, 2000 era ele que lá andava.



Conta-nos o teu primeiro comboio.


O meu primeiro comboio, lembro-me quase como se fosse hoje, pintei com o BALA na Avenida de França, estação que já não existe. O primeiro é sempre o primeiro e ficou para a história! Agora, mais um ou menos um, é quase igual, só se for um especial de corrida (risos).



Porque decidiste começar a tegar FYND?


Comecei a pintar FYND porque juntei as letras de outros tag´s que já tinha tido e gostava destas letras. Como estava a ser procurado pelo F.B.I. e FYND quer dizer procura-me, encontra-me, ficou mesmo isso! Eles que me encontrem!




O que te leva a continuar a escrever o teu nome em todo o lado?


Eu estou sempre motivado e com o tempo isto tornou-se quase uma rotina. Está-me no sangue, nos pensamentos. É um vício! Muita maluqueira na cabeça, adrenalina e vontade de chegar mais além.



Onde queres chegar? 


Não sei, quero chegar ao top, fazer tudo o que for possível: todas as cidades do mundo, todos os trains, todos os metros… Mas isso é quase impossível, porque acho que ninguém chega ao topo. Quanto mais alto se chega mais alto se quer ir. Há sempre coisas novas para se fazer. É como o guito, quanto mais se tem mais se quer!



Algum episódio que te tenha marcado mais?


Episódios? Eu nem sei, porque já foram tantos que já nem têm conta, e tanto me lembro de quase todos, como até bloqueio e não me lembro de nenhum. Talvez seja por já estar à espera do próximo.



Já foste apanhado em flagrante?


Claro que já fui apanhado, todos os que pintam como eu já foram apanhados. Em flagrante não me lembro porque eu, quando os vejo, corro muito e é difícil apanharem-me! (risos)



Como writer, qual é a tua relação com o Hip Hop?


Estou relacionado porque os graffiti fazem parte das vertentes do Hip Hop! Se estás a falar de Hip Hop som, simplesmente gosto de ouvir rap, mas não foi isso que me levou a fazer graffiti.



A música é importante nos teus graffiti?


Até gosto de ouvir um som quando estou a pintar. E já tenho ouvido, quando estou tranquilo num train ou numa auto-estrada. Mas é muito raro ouvir, porque o que pinto nem dá para pensar muito, nem perder tempo a pensar em música quando vou pintar.



Diferenças entre Lisboa e Porto?


As diferenças é que no Porto joga-se mais futebol e em Lisboa se faz mais graffiti. Foi lá que começou o graff em Portugal. Os writers no Porto são poucos, mas são como os jogadores de futebol: têm garra!!



O que te dá pica para pintar?


A mim dá-me pica para pintar tudo, não sou muito esquisito, onde agarrar tinta está-se bem, se não for a cores é a silver! Trains, muros, tag´s… Só fames é que nunca fiz quase nada, gosto de graffiti ilegal. Isso do legal, não me dá interesse nenhum. Não quero tirar o lugar ao Picasso nas galerias de arte. Um train de meia hora para mim já é um fame!! Ou um silver de 20m.



És um pintor viajado. Qual é a tua cidade? E o modelo de train preferido?


As cidades de que mais gostei foram Paris e Nápoles. Paris é maior, não há melhor para um bomber, não se consegue estar parado no mesmo sítio. Sempre a girar, à procura de algo mais; muito andamento nas ruas, muita bófia e centenas de sítios para se poder pintar! De Nápoles gosto muito e também tem muitos sítios para se pintar. Mais ou menos fáceis, tirando o metro, porque está numa zona fodida da camorra e tem sugas mafiosos!! Mas pintei-o bem! Tem boas pessoas, a cidade, boas praias, muito calor e muito mafioso também. Mas eles sabem que nós vamos de Portugal. 



Para ti os graffiti são arte? Porquê?


Para mim, graffiti é vandalismo com arte! Todos os graffiti que forem ilegais são vandalismo!



Planos para o futuro?


Não faço grandes planos para os graffiti. Tentar manter a rotina, viajar se for possível. Na tuga só mesmo manter rotina, já que está tudo mais do que visto. Uma coisa sei: é que quanto mais velho se fica menos se pinta...(risos) será??



Ultimas palavras, mensagem


Grandes props para os que gostam de mim! E para a Freestyle também!




Por: Smiek

Fotos: Gentilmente cedidas pelo artista


FREESTYLE/2010



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