F+NZP

Lá para o fim dos idos anos 90, após ter pintado muito com um tag que entretanto ficou muito conhecido e já não servia para camuflar a minha identidade, decidi criar uma nova identidade, esta sim, totalmente secreta.

Pensei em algo que fosse genuinamente português, que tocasse todos que vissem o nome ou a imagem e, que de certa forma, representasse os oprimidos, as classes desfavorecidas, enfim o povo.

Deste raciocínio até ao Zé povinho do Rafael Bordalo Pinheiro foi só um passo, tornado mais contemporâneo gerações volvidas..., seria o filho mais novo do Zé povinho. Na realidade o nome surgiu da mistura do Zé povinho das lutas republicanas, com a imagem punk e sem controlo das revistas chiclete com banana de angeli, universo que me
acompanhou para o bem e para o mal, durante a minha juventude. Isto é, a expressão filho mais novo, foi daí que surgiu.

É importante contextualizar o desenho que consta na foto, por outro lado acho que é igualmente importante contextualizar a época.

No fim dos anos 90, já as aves de rapina rondavam o movimento do graffiti, seja através da comercialização de latas, calças, chapéus, etc... ou através da procura de mediatismo para registar, com melhor ou menor conhecimento de causa.

Esta imagem surge precisamente a convite de um jornalista que durante os anos iniciais do graffiti em Portugal acompanhou e registou o fenómeno na perspectiva de vir a fazer um livro basilar e do qual sentiamos falta na altura e que hoje já nem se fala.

À época, o único programa cultural que existia na tv era o famoso "E assim acontece", onde o jornalista foi convidado a apresentar o livro que estava para vir..., para pintar em estúdio procurou uma pessoa, ao que eu me disponibilizei e assim aconteceu a imagem.

Desta imagem existe um video que brevemente irei disponibilizar online, em: http://grrau.blogspot.com

Por: Pedro Soares Neves