“…existe para permitir às pessoas convidadas darem a sua opinião, livre, sobre qualquer assunto à sua escolha. Tem sido sempre relacionado com Hip-Hop e as pessoas têm dito aquilo que pensam e sentem sobre determinado tema dentro do Hip-Hop. 

É mesmo dar um espaço para que se fale, quem sabe abrir uma ou duas mentes que leiam esta secção.” - Revista Freestyle

Esta foi a resposta que obtive ao questionar o propósito da secção, Falo por Mim. E veio mesmo ao encontro daquilo que eu pensava e no que pensei aqui abordar aquando o convite, para escrever este artigo.

Li todas as palavras expressas neste espaço desde a primeira edição, e óbviamente, falando por mim, acho que as mais interessantes foram aquelas que se afastaram da sombra da cultura Hip-Hop e se aproximaram da luz do indivíduo que as manifestara.

Na prática, o que eu penso, é o seguinte :

Esta cultura, assim como muitas outras, tem muito a ganhar com a sua própria desconstrução. Sei que muitos seguidores desta cultura trabalham nas obras, assim como eu já trabalhei, mas não se trata de demolição, nem de nenhum género de empreitada. 

(Não me levem a mal. Meu nome é Biru e sou muito parvo, género bobo da corte)

Quando falo em desconstrução, falo de Jacques Derrida, que na desconstrução de conceitos percebeu a instabilidade e mutabilidade dos mesmos e que afirmou que existe algo tanto ou mais complexo que antecede à essência dos mesmos.


A Afirmação do Eu

Ali, aonde todos pertenciam, não havia um lugar para eu ser. As ferramentas, escassas, mas reconheci que eram tudo o que havia para mim. Sem escolha, pois o caminho era só um, peguei nelas e nas coordenadas que definiam o que sou (sendo estas o conjunto da visualização mais a percepção do que sou e pretendo ser) e construí um espaço. Um lugar onde eu sou sem precisar da aprovação do outro para, eu o ser. 

Na minha auto-definição fui ao encontro dos meus limites e travei a minha primeira battle. Eu vs Eu.

Eventualmente me superei. Calçei os meus kicks, coroei-me e afirmei : 

"Eu Sou".


A Afirmação do Eu perante a existência do Outro

Mas não me fiquei por aí. A definição do que sou passa também pela definição do que não sou. E se há coisa que eu não sou és tu.

O meu ímpeto, o meu flow, a minha essência e, criativamente, o meu estilo são únicos. Quanto mais genuíno, quanto mais real (áquilo que sou), mais distinto.    


Identidade, identificação, idêntico

Quanto mais afirmava a minha unicidade, maior era o termo de comparação com o outro. E consciente, reparei que ao delinear a diferença, stressava também a semelhança. 

Pois a comparação de quem eu sou, é apenas digna, quando feita com outro semelhante. Alguém que se ache tão único, tão genuíno e tão real quanto eu (real recognize real).


A Edificação do Indivíduo

Posso agora rematar que a edificação de quem eu sou, não só é realizada individualmente, como colectivamente. Quer por antagonismo e/ou agonismo (ex: battles, beefs), quer por cooperação (ex: jams , palestras, formação de crews/fams/gangs).


O Ovo ou a Galinha, assim como a Pescada

A edificação do indivíduo foi o sistema complexo que gerou a simples essência de uma cultura, que antes de o ser já o era. 


Back to the Basics

Àqueles que estão de luto pelo Hip-Hop, aos Nostálgicos agarrados à chama da Golden Era e aos novatos que teimam em seguir os passos da velha-guarda (o processo de imitação faz parte, não é disto que falo) :

O teu ímpeto, a tua essência, o teu flow. E criativamente, o teu estilo. São responsáveis pela instabilidade, mutabilidade, e em conclusão, evolução da Cultura.     

"Caga" no Hip-Hop e Fá-lo por Ti. 

UpRock

     


Por: Biru
Ilustração: Tiago Costa Rebelo

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