Fãs: Precisam-se!

Numa altura em que a crise financeira ocupa grande parte das nossas conversas, o título parece sugerir uma oportunidade de emprego, ou pelo menos, uma maneira de ganhar mais uns euros.
Nada de mais errado.
Ser  fã, do que quer que seja, exige algo que a maioria das pessoas não está disposta a dispender: altruísmo! Trata-se de uma palavra cara que, de forma simples, apenas significa o acto de fazer alguma coisa sem expectativa de receber algo em troca.
Não é preciso recuar muito no tempo para encontrar um Hip-Hop Tuga com meia dúzia de praticantes, seja em que vertente for, e uma legião imensa de fãs capaz de defender, incondicionalmente, essa meia dúzia que os inspirava. Se calhar, basta recuar até 1999!
Passados dez anos, encontrar um verdadeiro fã de Hip-Hop tornou-se uma raridade que, pela solenidade da ocasião, devia ser registado com uma foto digital. A proporção fãs/praticantes inverteu-se de forma assombrosa: para cada fã (dos que restam) há um sem número de praticantes ansiosos de ganhar algum reconhecimento entre os seus pares e, ironicamente, coleccionar alguns fãs!!!
O progresso tecnológico, além de muitos aspectos positivos, trouxe consigo a possibilidade de alguém perfeitamente inexperiente conseguir difundir rapidamente os seus “trabalhos”, o que por momentos, dá impressão que o Hip-Hop (particularmente, o Rap e o Graffiti) é algo acessível a todos, como se não requeresse conhecimentos e aperfeiçoamento de técnicas, que não se ganham de um dia para o outro.
Quando me comecei a interessar por esta Cultura o principal entrave à prática de alguma das vertentes era, precisamente, a maneira de ganhar algum respeito e reconhecimento: através da demonstração dos skills perante os outros praticantes em rodas formadas na rua, normalmente, nos momentos que antecediam os concertos ou nos after-hours, em que as capacidades eram postas à prova ao vivo e a cores e sem links para o Youtube.
Talvez, por as coisas se passarem dessa maneira, criava em todos os que assistiam um sentimento de admiração e de respeito, deixando transparecer que para chegar aquele patamar era preciso muito esforço e dedicação, algo que não está ao alcance de todos.
Era desta maneira que apareciam os fãs. Verdadeiramente descomplexados em exprimir as suas emoções através de um simples “Tá phat!” ou “O bacano tem skills!”. Hoje em dia denoto que há algumas reticências em mostrar admiração por outro praticante, especialmente se for da mesma vertente, o que acontece, na minha perspectiva, por uma de duas razões: o receio de ser visto como um wack (por estar conotado com um sentimento de fraqueza ou submissão) ou pelo simples convicção de que se consegue fazer melhor.
Não creio que nenhuma das razões apontadas seja simplesmente forte para impedir alguém de mandar props a quem realmente os merece e assumir-se como seu fã; a Cultura não sobrevive sem os seus fãs, eles são parte da Cultura, porventura, a sua a vertente mais importante, por isso digo: não tenham receio de se assumir como fãs de Hip-Hop Tuga!
Eu sou um fã de Hip-Hop Tuga!
A forma de contribuir para o crescimento e desenvolvimento da Cultura não passa, apenas, por ser um praticante de umas das vertentes; se, realmente, gostas de Hip-Hop Tuga e queres fazer parte dele, começa por apoiá-lo!
Só tens de encontrar a tua forma de o fazer!

PEACE!

Por: Tiago Mateus

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