Cinco anos depois Cruzfader está de volta, e que regresso. "De Volta ao Serviço" promete ser um sucesso. A Freestyle foi saber o que foi feito do DJ Cruz nestes últimos tempos e o porquê do atraso no lançamento deste último trabalho.


Freestyle: Como foi o teu primeiro contacto com o Hip Hop?


CruzFader: Foi aos 11 anos: ouvi a música de Sugar Hill Gang. Depois, quando cheguei a França, aos 14 anos, comecei a pesquisar e aí já ouvia Run DMC. Era o grupo que batia mais na altura. Então apareceram mais grupos, como Public Enemy com o primeiro álbum. Segui muito um DJ Francês que é o Dee Nasty, ouvia todos os programas e, um dia, vi um anúncio de um campeonato. Fui assistir e fiquei fanático. Estava o Crazy B que foi campeão oito ou nove vezes e vice-campeão mundial muitas vezes. Foi assim que fui conhecendo grupos e integrando-me cada vez mais. Estou no Hip Hop há 25 anos, mais ou menos.



Essa experiência em França foi fundamental?


Eu vi o Hip Hop crescer na França, conheço a história e vi várias coisas a nascerem, como o início dos NTM, dos IAM, grupos históricos. Também assisti a muitos concertos de grupos americanos e franceses também claro... Em 1998 cheguei a Portugal, já cá tinha vindo algumas vezes. A primeira vez foi em 1988, de férias, e gostei muito. Foi através de Quarteira que conheci Portugal.



É nessa altura que lanças as primeiras mixtapes. Como foram os primeiros passos cá?


Aqui foi interessante, fui conhecendo pessoal, os Micro, alguns DJ´s, lancei uma mixtape de RnB Hip Hop, que foi bem aceite. Mas o boom foi na primeira mixtape com MC´s, nem eu estava à espera. Lembro-me do rapaz da loja, que era o Cheeks (grande abraço para ti) dizer que tinha vendido 50 mixtapes só numa semana. Fiquei mega contente... E, a partir daí, fiquei mais conhecido. Fiz outra mixtape de RnB, o volume 2, que também foi bem aceite, mas não tanto como a Lisboa Porto connection. Tive, então, a ideia de juntar Lisboa e Porto, que estavam mais ou menos separados, e fiz uma mixtape com um lado de Lisboa e Porto. No mesmo lado, que seria a  Cosa Nostra, que foi o pico das minhas mixtapes, já tinha os MC´s todos juntos. Dei continuidade a isso com o álbum Ressurreição. Lancei a mixtape só do Porto chamada «2º piso» com ajuda do Mundo, grande abraço para ti. O Mundo  foi fundamental nas mixtapes Lisboa Porto connection e 2º piso, organizou as gravações para que pudéssemos gravar só num dia. Big props para meus manos de Gaia e Porto. Também lancei uma, só com vozes femininas, a “Raparigas na voz do Soul”. Não funcionou tão bem, é um mercado mais restrito. O último trabalho foi em 2004 o Tugamix. 



Depois disso o que fizeste?


Fiz parte dos Colfinger, fui tocando em festas, participações. Criei a Encruzilhada, que lançou os álbuns do Regula do Tekilla e do Kacetado. O tugamix já foi lançado pela editora.



Conta-nos melhor o que se passou com a Encruzilhada?


Pensei que tinha de mudar de rumo, achei que tinha de me virar para os DJ´s: essa é a minha paixão. Lancei os álbuns de MC´s e, depois, tinha de avançar para os DJ´s. Estava um pouco saturado. Os álbuns deles funcionaram, mas a minha cultura é o Djing.



Como vês a situação actual com a internet? Já que tens uma editora e já lançaste álbuns?


Exactamente. Na altura também calculei que esta nova fase de downloads baixasse muito as vendas. As vendas não compensam o trabalho que tens. A indústria está muito alterada. Tem que se arranjar novas formas de vender a música. Hoje em dia já não vendes um CD simples; é muito difícil, daí ir lançar um CD triplo. Tens de ter em conta muitos factores, capa, CD bónus, etc. E penso que, em termos de preço/oferta, o “De Volta ao Serviço” vai ser compensador, é um CD triplo que vai custar entre 12 e 13 euros. Não critico ninguém que faça download, eu também o faço. Antigamente comprava muitos vinis, mas hoje, com o serato, compro música digital, pago a sites mensais. Dou-te o exemplo do disco do David Fonseca que vai lançar agora, tem tudo e mais alguma coisa, só falta ele vir lá dentro, tem DVD, tem livro, eles têm de justificar a venda do álbum, vai ter de vir com alguma coisa que a internet não ofereça.



Este teu novo trabalho “De Volta ao Serviço” já teve uma primeira data de lançamento marcada. Entretanto, já passou muito tempo, o que aconteceu?


Essa história só eu é que posso contar. A ideia inicial era ser um CD e eu fui convidando pessoas. Entretanto, tinha tido um projecto que era o CosaNostra 2 e achei que estava em dívida com os MC´s que tinham gravado para esse projecto, que não saiu porque não me parecia ser o timing certo. Por respeito, chamei esses artistas, fui gravando e quando me apercebi já não tinha espaço num CD. Uma vez que ia fazer um álbum duplo, convidei mais gente. Tinha a intenção de fazer um álbum de Soul RnB e, como nunca tinha sido feito e já não sabia como misturar tudo, optei por fazer 3 CD´s, cada um com o seu estilo. Por tudo isto, fui alterando as datas, montando, remontando, atrasando… Tenho a particularidade de os meus projectos atrasarem sempre, mas tenho noção de que a mixtape devia ter saído há mais tempo. O Natal de 2008 tinha sido ideal.



São só artistas portugueses? Vai haver nomes novos?


Sim, tirando o Afu-Ra e o meu irmão que canta em francês. Vai ter muitos nomes novos, o Deau, Playa, B-Skilla, Pina,elaisa e  a Carla Sousa e o TT que são novos na área  das mixtapes.



Em termos de produção?


É 90 por cento beats americanos. Portugueses temos do New Max e do STK, eu não tenho nenhuma produção minha. Mas vai ter também o DJ Stikup a fazer um track de scracth com o STK e o DJ Lusitano participa. Vai ser um formato diferente de mixtape.



O que te cativa mais, produção ou Djing?


Djing sem dúvida, até parei de produzir por isso. Produzo muito pouco.






Como está o teu projecto com o Stikup, DynamicDuo?


Estamos na antena3, às sextas-feiras, às 3 da manhã. E podem fazer download. Ele também faz parte da Encruzilhada, é o gerente.



E campeonatos?


Vou entrando, nunca ganhei (risos), tenho de me aplicar mais.



Fala-nos do projecto Orelha Negra.


Sai no inicio do próximo ano, é um projecto instrumental/exprimental, com o STK, o João Gomes, o Fred e o Rebelo. Cada um toca um instrumento e também temos voz mas é tudo de Mpc e turntable. Já há dois singles disponíveis, o Lord e o Blessed.



Como Dj o que te inspira para continuar?


A evolução do scratch, é ligar a internet e ver scrachtes franceses e alemães, é o que faz que, com 39 anos, ainda tenha muita vontade de evoluir.



Achas que se perdeu a ligação MC DJ? 


Sim, completamente. Hoje em dia vês pouca música de rap com scracth. O DJ está muito ligado à electrónica.



Onde actuas e que sons passas mais?


Vou muito a Madeira, Norte e Algarve. O set é muito variado, passo menos Hip Hop do que antigamente. O que se quer são cenas dançantes, passo muito RnB. O DJ para mim tem de ter sets variados para poder tocar em vários sítios. Numa festa de Hip Hip&RnB largas os clássicos e está feito. Se fores a um Pacha já tens de ter um set mais dançante, isso também mudou. Há menos festas de Hip Hop & RnB.



Já viveste em muitos países. Quais são as tuas origens?


Nasci no Brasil, vivi em França, na Alemanha e agora em Portugal. Tenho algo de alemão, o meu padrasto é de lá, e ao Brasil vou muito pouco. Tenho muito de França e de Portugal. França foi uma grande lição para mim, às vezes até me chamam francês. (risos)



Absorveste muito desses países?


A França influenciou-me muito, foi uma grande experiência. Mas em Portugal ouço coisas que não ouvia lá, como música electrónica. Lá ouvia muito Soul RnB Rap.



Encruzilhada DJ´s?


Este é o primeiro lançamento. No futuro será lançar mixtapes para pistas de dança. Mixtapes de RnB, de música electrónica, o Stikup, que tem muito de electrónica. Também queremos lançar um álbum de scracth. Remisturas, tudo o que um DJ possa fazer, lançar DJ´s novos. É uma editora mais direccionada para área do dj.



Mensagem final


Obrigado a todos os que sempre me apoiaram




Por: Tiago Costa Rebelo

Fotos: Martim Borges


FREESTYLE/2009 

This free website was made using Yola.

No HTML skills required. Build your website in minutes.

Go to www.yola.com and sign up today!

Make a free website with Yola