O Nome talvez engane à partida, nem tudo o que parece é! Divisão de Honra é um grupo constituído por vários MC´s com diferentes sonoridades que pretendem acima de tudo marcar a diferença. Falámos dos seus projectos e da sua visão do Hip Hop Tuga                                                                     

       

Freestyle: Como surgiu a Divisão de Honra?


Damani Van Dunem- DH Surgiu em 2007, na altura estávamos a trabalhar numas cenas a solo, eu e o Celso. Como já era amigo de todos que compõem o colectivo, a junção foi inevitável. Fomos fazendo as chamadas, foi-se juntando mais pessoal e quando demos por nós éramos quase trinta gajos a gravar todos os dias. 

Celso- Nesta altura faziam parte o Lancelot, o Phoenix, Magistrado, Fredy Mineiro, JP, Mafioso, FS, Bad News, Navegador, Yioca, Araphat, era muita gente mesmo. A ideia era fazer uma compilação e como os nossos caminhos se cruzavam achámos que fazia sentido.

A selecção da vida fez com que ficássemos só nós agora. Mas deixa-me dizer que muitos saíram porque tinham medo que as pessoas os rotulassem do grupo que apareceu para combater Valetes e etc… Não foi essa a razão pela qual a DH se formou.



Porquê o nome, Divisão de Honra?


Celso - Não é por existir uma primeira divisão, porque se essa primeira divisão existisse muitos que estão lá não lhe pertencem. Quando eu comecei não existia essa divisão. Se isso fosse assim seríamos os pioneiros talvez fossemos os “Premier League”ou “Champions League” é uma questão de troféus… (risos).



Quais são os projectos da DH?


Celso - Somos vários Mc´s e vários grupos, cada um vai ter o seu álbum e cada artista também vai ter o seu álbum. Como grupo DH também vamos lançar um álbum. As pessoas devem compreender que isto não é um projecto de Rap, é um projecto de música. Nós não temos idade para estar a brincar aos rappers, já temos juízo, se de hoje para amanhã ouvires DH num formato de rock, é porque DH fez um featuring com um grupo de rock que quis fazer um projecto de música.

Ahzazel Watuva - Somos versáteis estamos abertos a qualquer tipo de colaboração, qualquer tipo de estilo musical. A nossa cena é música!O que nós demos no início foi propositado. As pessoas ouviram o Ho Ho Ho e não estavam à espera, todos esperavam uma temática “contra” e no fundo nunca foi isso. A intenção era espicaçar o pessoal, mas era tudo saudável. 

Celso - Têm de perceber que nós temos mais que fazer, do que álbuns baseados em X W ou Z isso seria dar importância a algo que nós não damos.



Pode-se partir do princípio que estando a apostar em outras musicalidades estão também a tentar atingir outros targets, não?


Celso - Claro, imagina que isto seria só um projecto de Rap. Porque é que precisas de oito rappers? Cada um de nós tem a suas influências isso dentro do grupo vai-se reflectir.Estive a ver uma cena na net e ouvi um Rapper dizer que o aspecto visual não é importante para se ser um bom Mc. Para seres um bom Mc se calhar não, mas para seres um bom homem sim. Estamos aqui para tentar lavar essa imagem, se tu queres atingir outros patamares, tens de ser credível, tens de ter postura, tens de saber o que dizes etc…

Sabes o que me disseram em relação ao vídeo? “Curto bué o vídeo, mas porque não estavam um bocado XL?” Eu respondi: “Porque vou fazer trinta anos e tenho uma filha de três anos!”. Vês onde as pessoas se fecham? Já houve tempo para isso, agora já não faz sentido, nós não nos vamos esquecer que é um vídeo temático. Ainda me perguntaram o porquê do gorro nas miúdas?! Dá-me ideia que são parolos. (risos)



Como foi a aceitação do vídeo?


Celso - Foi óptima, bateu! E foi feito um bocado em cima do joelho. Mas todas as pessoas estão a curtir. Tirando essas pessoas mais obtusas o resto tem falado muito bem. Vai ver as visitas que tem, o Myspace só tem esse som, e está cheio de visitas.

Vamos ter um blog, que não vai ser um blog convencional de Rap, vai ser um blog do movimento DH onde as pessoas vão poder ir e expor as suas ideias.

Damani - Vamos ter tudo desde receitas de cozinha… (risos), estamos a tentar entrar em vários campos.

Celso - Tudo na rua tem data, quem não sabe isso não está lá a fazer nada. Na rua tu não duras cinquenta anos, nem cem, o Rap da street vai pela mesma ideologia, para tu atingires mais público tens de acompanhar o processo natural de crescimento. Fazes Rap para a street quando tens quinze ou dezasseis anos, quando fazes vinte as responsabilidades chegam, logo, rappas sobre isso. Aos trinta tens de ter um visual adequado e música adequada à idade que tens. 

Damani- O que te pode acontecer é estares a fazer música para o pessoal que fazias quando começaste. 

Celso - Aquele puto de dezoito anos que me ouvia quando eu fazia rap para ele, vai deixar de ouvir aos trinta, porque vai aparecer um gajo a rimar aquilo que ele quer ouvir. Tem de haver gente a fazer o Rap para gente grande, é por aí.

Nós éramos denominados como os gajos das punchlines e é com todo o orgulho que lhes vamos dar o contrário.



Como vêem o Rap na Tuga e o que pretendem fazer diferente?


Celso - Está estagnado. As pessoas não querem assumir, porque quando o Celso usa auto tune no refrão há um comentário que diz “foda-se, auto tune?…” mas esquecem-se que o Celso é o mesmo que rappa desde 94 e nunca tinha usado o auto tune. As pessoas não só não querem evoluir, como não conseguem, e mandam pedras para o charco para ver se isto agita estragando o que os outros conseguem. Os rappers que estão a fazer trinta anos, continuam a fazer rap para os putos, porque esses são os únicos que os alimentam e nem sequer alimentam o bolso, só mesmo o ego. Os de trinta querem ouvir outras coisas sem ser tu estares a rimar que és o maior e comes a mãe e a namorada do outro. 

God-G - Até já houve um a dizer que comia o cão, “como a tua mãe, a tua dama e o teu cão” (risos).

Celso - O investimento em termos de qualidade cá, é de zero. Lá fora trabalha-se há mais anos, por isso, é melhor lá, mas isso não significa que cá não dê, e nós queremos isso, queremos qualidade. 

Ahzazel Watuva - O mais irónico é que o pessoal que estava contra isto que o Celso disse agora, hoje em dia, está a querer sair daqui e ir para Angola vender. Rebentou a vida de muitos artistas cá, fez com que as pessoas não quisessem ouvir outras cenas para agora irem para lá. 

Celso - Imagina que amanhã DH faz um featuring com os Anjos e vende platina, estrilho, logo! Mas no entanto tens as mesmas pessoas que são contra isso a tentar. A nossa luta não é contra um Mc em particular, é contra o mercado. Temos de limpar a imagem. Dizem que o Rap cá ainda está associado à marginalidade. Diz-me um Mc que seja marginal…um só, eu não conheço. Onde está esse Rap tão underground que não tem mercado? Diz-me onde está. Diz-me onde está esse Rap tão underground que não precisamos fazer o Rap mainstream que ninguém quer fazer. Diz-me onde está esse Rap Mainstream que ainda não o vi, porque, não existe. Por outras palavras, onde está o Nelly e o 50Cent tugas? Quem é o Mc lusofono que é o 50 Cent? Vi uma vez no Hip Hop Hater dizer que DH ia aparecer com bounces precoces. Eu afirmo já que se eu quiser fazer um banger para bater na disco, eu faço! Não duvidem! A DH vem com formato que tu vais ter uma música ou outra a rodar nas discos, e eu não falo daqueles Dj´s que são amigos e passam o som, eu digo aquele Dj que não conhece o artista mas passa aquele som. A DH quer estar cá a fazer música, porque a DH tem gajos interventivos, tem gajos que cantam, tem gajos que gostam de punchlines, tem gajos que gostam de freestyle, se tu pegares nisso tudo imagina o que podes fazer…

Damani - Uma salada grega fantástica, com aquele queijo parmesão. (risos)

Ahzazel Watuva - A nossa cena é musicalidade! 

Celso- Mas não durmam porque a DH não é só HO HO HO. Percebam que a DH é um colectivo, apesar de cada pessoa ser uma pessoa e cada uma tem seu gosto individual que está presente no projecto. O projecto está a chamar pessoas que querem estar por trás. Eu sei que a estas horas, tenho de dizer isto, o dick sucking está óptimo. A estas horas estamos a presenciar algo que já tínhamos adivinhado. Há gente que já te rendeu e eram as mesmas pessoas que diziam que isto não ia singrar, DH nunca ia dar, hoje em dia querem featurings. Isto não é ridículo? 



Já lançaram um vídeo, qual vai ser o próximo passo?


Damani - Sempre que lançarmos um single lançamos um vídeo, estamos a pensar à volta de quatro singles para este ano. Depois vemos como vai funcionar. Cada um tem o seu projecto, em termos de grupo queremos lançar o álbum mas não queremos dar data.  

Celso - A ideia é estarem o ano inteiro a ouvir o nome DH porque mesmo que não saia o álbum vão saindo os projectos de cada um, e isso também é DH.



Vão apostar em downloads ou em formato CD?


Damani - Talvez saia alguma coisa, temos muitos sons, muitas cenas já gravadas, por isso, é provável que se faça algo. Acho que em dois anos gravámos cem músicas, material não falta.

Celso - Mas queremos ter álbuns em formato físico. Tenho o material todo no meu Pc, se o quiserem roubar…o meu irmão também tem o material.

Mas deixa-me dizer uma cena, o Livestream, tenho um canal agora e fiz uma cena e a adesão daquilo foi incrível, estavam-me a ver a produzir em directo na net? Isto resulta.



Últimas palavras.


Ahzazel Watuva - Comprem os álbuns quando saírem! Isto é para pessoal que acompanha os artistas, qualquer um não é só DH, comprem os discos. Se comprarem os discos e forem aos concertos e comprem lá, normalmente fica mais barato, mas se comprarem os álbuns dos próprios artistas estes podem deixar as editoras, tornam-se independentes e os preços vão baixar. 

Celso- Mc´s comuniquem com os outros Mc´s que isto está doce! 

God-G- Agradecer a Revista Freestyle, continuem a pontuar pela imparcialidade.




Por: Martim Borges

Fotos: Paulo Matos


FREESTYLE/2010

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