Aos 15 anos sentia-se «em casa» nas festas animadas de Hip-Hop, no «Comixs», e fazia Graffitis ao som do Reggae. Por volta dos 16, ao Reggae misturou-lhe o Rap. Agora, com 26 anos a sua criatividade mostra-lhe o sucesso que a espera em cada rima que faz…


Gosta de escrever desde miúda e fazer Rap é o que mais lhe interessa. «Este é o meu prazer maior, pelo simples facto de escrever. Sobretudo, é uma forma de criar e comunicar. O Rap dá-me muito mais do que o que me tira de tempo ou dedicação, uma vez que me compensa logo no processo de criação», refere a MC Capicua.


Rap é… «Amor e lingerie, muito intenso e de grande exposição pessoal», reconhece Capicua. E explica porquê: «mostro o meu imaginário, desvendo a minha criatividade, uso a minha linguagem e a minha voz. Exponho-me bastante e neste ponto de vista o Rap é mesmo muito íntimo e intenso». Para a MC este género musical, além de um íntimo amor, mantém-se como um «desafio estético» dando-lhe uma «sensação de missão, no sentido de poder chegar às pessoas e da responsabilidade que assume por lhes despertar um efeito positivo, trazendo-lhes algo de bom».


Quando a Freestyle lhe pergunta sobre o caminho do Rap em Portugal, Capicua frisa que «há cada vez maior diversidade, mais público, técnicas superiores, diferentes influências, maior qualidade e melhores MC’s e produtores». E conta: «nos anos 90 era mais caseiro e despreocupado. Hoje queremos fazer algo mais profissional. Esta nova geração de raper’s é bastante mais competitiva».


A revelação do Rap feminino português tem sotaque do norte e declara à Freestyle que o que a inspira a escrever e rimar com a mesma facilidade com que fala pode advir «de conversas, do imaginário e do mundo, muito próprios, da rua, do cinema ou da televisão», embora admita que é o conjunto dessas vivências que a transforma e não apenas um único factor em particular. 


Na opinião de Capicua, «a palavra cantada é como um exercício estético» e «a inspiração é 90 por cento disciplina». A MC tenta «não passar muito tempo sem escrever». Na maior parte das vezes escolhe um tema, estrutura uma série de tópicos e vai criando linhas de impacto. «A partir daí vou conquistando pequenos objectivos, aproveitando os laivos criativos em meu favor». E admite: «se calhar, esta é uma forma menos romântica e mais técnica, mas tem muito de mim e da minha dedicação».


O que é certo é que o sucesso da Mixtape foi incontestável. Muito embora Capicua não estivesse à espera de uma reacção tão positiva, revela que ficou «bastante agradada». «Este sucesso envolve muita responsabilidade e uma pressão saudáveis mas também representa algo assustador, pelo receio de desiludir quem me ouve». Mas a MC não tem pretensões a ser consensual, uma vez que, segundo a própria, «isso significaria não ter trazido nada de novo».


Ainda sobre a Mixtape, Capicua revela: «esta foi a primeira vez que senti que estavam à espera do meu próximo passo, embora não lide muito bem com toda esta atenção».


Metódica, empenhada e trabalhadora quanto à criação, Capicua parece ter percebido que é importante criar um público próprio que ouça e dê a conhecer os seus trabalhos e o seu nome. «Por isso, convém criar uma estratégia para nos darmos a conhecer. Antes de mais nada, é necessário darmo-nos e investirmos em tempo e dedicação, criando e construindo um público que nos ouça, num investimento de confiança e troca para, mais tarde, podermos merecer um reconhecimento menos regional ou underground».


Para a raper em ascensão a internet e todas as suas potencialidades «sem dúvida, ajudam à divulgação dos trabalhos, democratizam o acesso e criam diversidade, mas também alimentam muito ruído». Ruído esse que provoca «problemas e mudanças que estamos a viver na indústria musical», acrescenta a MC. Por isso mesmo, Capicua destaca «a necessidade de serem criadas soluções criativas e compensadoras» de forma a combater «a perda de rentabilidade dos músicos e das editoras decorrente da pirataria... que apesar de cómoda, pode ser perigosa porque desincentiva o investimento em edição de álbuns».


Considera-se «criativa, comunicativa, preocupada com a qualidade, luminosa, colorida e com espírito competitivo muito próprio». A MC da Invicta não quer «ser melhor do que este ou aquele». Antes prefere superiorizar-se a cada dia: «ser melhor do que eu própria no dia anterior, fazendo subir a fasquia», explica, com determinação estampada na voz.


Para o futuro espera que lhe seja reservada a possibilidade de «construir um público adulto com quem tenha um grande entendimento. Já que os MC’s também envelhecem, acho que vai ser interessante assistir ao amadurecimento dos trabalhos e do público que acompanha esse processo», antevê. E como desejo de qualquer artista, Capicua diz: «gostava que parassem para me ouvir, não gosto de ser música de fundo».


Capicua, M7, D-One e Cláudia, que incluem a sua banda, esperam agora que o primeiro álbum seja lançado e as expectativas sejam as melhores. Quanto à sua apresentação directa ao Premier, a oportunidade escapou-lhe por não ter aproveitado o espectáculo no Casino de Lisboa mas…, fica para «talvez um dia…»!




Por: Cátia Viegas

Foto: Miguel Refresco


Freestyle/2009


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