São um estandarte do b-boying português e uma das crews mais completas no Hip-Hop nacional. Movimentam-se na área da grande Lisboa, dispersos pelas zonas de Chelas, Barreiro, Miratejo, Baixa da Banheira, Bobadela ou Sintra. São “12 Makakos”, por excelência, transpiram carisma e estão a completar oito anos de actividade.  


Freestyle: Quantos são os 12 Makakos?


Jae - Somos 20, quase. 20 Makakos!



Porquê 12 e porquê Makakos?


Mastyle - O nome surgiu do estado de espírito que tínhamos na altura. Makakos tem a ver com o ambiente selvagem que criamos. Então foi o nome ideal a juntar ao “doze” que era o número de elementos presentes nesse dia. E assim ficou.



Onde é que treinam habitualmente e que condições têm? 


Mastyle – Treinamos aqui na Flamenga, no Piaget, ou na Casa Amarela da Margem Sul. O Piaget é um ginásio onde temos algumas horas para treinar, a Flamenga é um espaço onde podemos ir sempre e já está reservado para nós, o que é fixe. Mas nós somos muito dispersos e no Barreiro, por exemplo, não temos nenhum espaço. Em Sintra, na zona do Xicano, também não.

Xikano – Eu treino em casa neste momento.



A maioria das pessoas associa-vos ao b-boying mas a crew é muito abrangente, querem especificar individualmente? 


BSkilla – Eu sou MC, tenho feito alguns sons que saíram em algumas street mixtapes, entrei agora também na mix do DJ Cruzfader "De Volta ao Serviço". Tenho alguns projectos pendentes com o meu produtor Maf e queria ver se, para o ano, já temos algo para lançar na rua. 

Waver – Eu acabei agora o meu curso, sou arquitecto. Dentro da cultura estou a dar aulas de b-boying na Margem Sul, na escola dos Next, no Miratejo. Para quem estiver interessado, são três aulas semanais de uma hora e meia, 15€ no final do mês. 

Abóbora - Eu sou DJ, sempre toquei muito para b-boys e breakdance, mas, ultimamente, tenho-me dedicado mais a fazer mixes. Com samples diferentes, diálogos e freestyle do pessoal de modo a montar cenas para rir mesmo, comédia! Coisas que nos marcam e ficam para ouvir daqui a uns 10 ou 15 anos, algo mais interessante do que uma simples mix de break. Também gosto de fazer pequenas produções do tipo copiar, colar, coisas básicas, porque não sei mexer muito bem nos programas. 

Atsok -  Eu sou o writer mais activo, juntamente com o Jae e o Bónus. Somos os writers da crew. Mas todos nós temos tendência a fazer um pouco de tudo: eu também gosto de fazer break, o Alex por exemplo também gosta de djing, o Mastyle também gosta de graffiti. Todos temos essa vontade de experimentar outros elementos, ser mais completos dentro da cultura e aprender uns com os outros. 

Skeleto - Eu danço há três anos e sou o mais novo do grupo. Para mim, está a ser uma experiência muito boa, completamente diferente do que fazia antes. Eu saí do futebol para vir dançar. Estou a curtir estar com a crew, conheci pessoal muito fixe. O Mastyle e o Alex, para mim, são referências, são os melhores b-boys da tuga.  

Óscar – Eu dedico-me a outras coisas como o surf e já experimentei capoeira também. Às vezes gosto de passar som entre reggae, dub, gosto de música no geral. Nunca me dediquei ao break de alma e coração, porque, às vezes, estou longe de Lisboa e nem sempre dá para treinar. Mas tive o privilégio de conhecer os 12M, evoluir com eles, ganhar referências e até participar em competições.

Xikano - Eu nunca abandono a cultura em tudo aquilo que faço, até no meu trabalho ponho um toque de hip-hop. Escrevo muito para desabafar no papel, rap, freestyle e pinto, embora raramente, mas pinto quando posso. Além disso, dou aulas, trabalho com crianças e, assim que chego a casa, treino. São 24 horas a pensar em break. Mesmo quando não estou a treinar fisicamente treino psicologicamente, tento evoluir os passos na minha cabeça, criar moves originais a partir de outros que vejo toda a gente a fazer. 

Jae – Eu sou dançarino e pintor, tenho o curso de fotografia e estou a tirar um curso de ilustração. Tenho vontade de fazer música também mas, até agora, a minha experiência tem sido sempre com eles: acompanho, ouço, critico e aprendo.

Alex – Eu, além de b-boy, estou a tratar dos assuntos da crew, juntamente com o Mastyle, estamos à frente da associação que agora criámos e dos projectos para organização de battles. Também pinto, de vez em quando, e fora isso estou a tratar da família. 

Mastyle - Fora do b-boying, pretendo lançar a minha cena a solo, um EP ou CD, ainda não é certo. Espero também lançar uma mixtape com o pessoal de 12M. Tenho o projecto Vuddu com o SP e estou nos Makongo. Fiz também um trabalho em house, o “Cristal Ball” com Jay Lion, que está a passar na rádio Mix FM.



Criaram recentemente uma associação, qual foi o intuito?


Alex - A associação chama-se “Banana Mekânica” e foi criada para divulgar a cultura Hip-Hop em geral. Ao mesmo tempo, é algo que nos vai permitir ter uma estrutura jurídica para lidar com as Câmaras e com o sistema. Antes 12M era só um nome, agora já existimos oficialmente. Pretendemos fazer muita coisa, desde workshops de dança, graffiti, MC, produção musical, b-boying, aulas de teatro, actividades sociais, para todo o pessoal aqui da zona e não só, para todos os que quiserem aderir ao projecto. 



Algum de vocês é membro da Zulu Nation?


Mastyle – Não, mas já tivemos proposta para ingressar. Já existe a Zulu Nation Portugal, está situada na Amadora, só que ainda falta sabermos como é que se pode fazer parte. A Zulu Nation não é uma fundação qualquer, há uma série de regras e de coisas a cumprir. Claro que 12M também têm que pertencer.



Estão a completar oito anos de crew. Falem-nos de bons momentos no vosso percurso.


Xikano - O casamento do Alex, foi lindo.

Abóbora - O nascimento dos bebés do Alex e do Xikano. 

Jae - A primeira Eurobattle, a Pt Battle, o 1º aniversário, os aniversários do H2Tuga, o Rock in Rio…

Skeleto - As macacadas no comboio… 

Alex - Cada um dos nossos shows, viagens, battles, até mesmo as que perdemos têm boas recordações. São coisas simples, de cada vez que estamos juntos, temos oito anos de bons momentos.



E vai haver festa, querem deixar o convite?


Xikano – Apareçam no dia 11 de Dezembro, no Santiago Alquimista, a partir das 23 horas, vão estar muitos convidados bons: MPC session com Sam The Kid, Kacetado e Kronic, show 12M, SP & Wilson, Bdjoy, Mr Cheeks, Mr Mute e outras surpresas.

Abóbora – Não vai ser mais uma festa, é todo um espírito diferente que vai criar uma noite muito boa. É aniversário, é tipo jam, é estar à vontade e curtir.

Mastyle – A melhor festa do ano!



Continuando em eventos, o que vão ser as Sweet Playground Battles?


Atsok – É um campeonato que pretende dinamizar todos os estilos de dança. As battles vão estar organizadas em grupos de quatro pessoas (três batalham, uma é suplente) e vão ser disputadas em vários estilos de música para ver o que cada dançarino é capaz de fazer sobre sonoridades diferentes. Vão ser 12 crews em regime de campeonato, mesmo como se fosse futebol. As battles vão ocorrer aos domingos à noite, a partir de 6 de Dezembro até Abril, no Sweet (antigo W), em Lisboa. Os prémios vão ser bons: a crew que vencer no final ganha 1.000€, o 2º são 600€ em vales LRG, e o 3º é um vale de 300€ em Reebok. É um campeonato que promete unir muita gente.



Os b-boys em Portugal são unidos?


Atsok – Estamos a tentar. Em Lisboa sim, eu não sou um b-boy de raiz, mas gosto de dançar e já vejo mais união do que antigamente. 

Jae – Em Lisboa, 12M é o centro do break. Todas as crews de Lisboa vêm ter connosco, portanto nós também somos responsáveis por essa união. 

Xikano – Podes-lhe chamar união no sentido de simpatizar, porque a verdadeira união há na crew. Com outros b-boys de fora é mais convívio, o pessoal dá-se bem, é o essencial.

Atsok – Sim, mas já se notam diferenças, já se treina em conjunto, já se trocam ideias, fazem-se battles juntos, nota-se uma grande evolução mesmo.

Alex – Parece que no Porto agora há maior divisão do que aqui.

Waver – Nós, antigamente, quando íamos ao Porto, parecia que toda a gente se calava. Olhavam para nós do estilo “o que é que estes estão aqui a fazer?” Hoje já é diferente, há crews do Porto que vêm falar e convivem connosco. Os Zoogang, por exemplo, até estiveram na nossa última festa em Lisboa e sempre que vamos ao Porto, sentam-se ao nosso lado, conversam, são nossos brothers.

Mastyle – Mas ainda há alguma desunião, o people parece que é burro ou está a dormir. Ainda não estão familiarizados com o conceito de b-boying. Não percebem que quando vais para uma battle tens que meter uma personagem e criar um ambiente diferente. Fora da battle tens que saber estar, e as pessoas confundem as coisas. O que aconteceu foi que se quebrou um bocado o tabu dos 12M lá, mais nada. 



O que é que gostavam de ver acontecer em Portugal?


Atsok – KRS One!

Mastyle – Battle of The Year, Freestyle Session e toda uma data de competições que devia haver, também a nível de graff, djing, mcing. Acho que devíamos ter a mesma frontalidade que têm os outros países. O importante é que se aposte mais no hip-hop porque, a partir daí, o que queremos há-de vir cá ter, ou nós vamos ter possibilidades de lá ir.



O que é que 12M precisa?


Xikano – Patrocínios e apoios para termos condições para ir batalhar lá fora, reconhecimento nacional e internacional. 

Abóbora – E a ponte Barreiro-Chelas também dava muito jeito (risos) 

Mastyle – Que as pessoas abram um bocado a mente e deixem o pessoal entrar e expor a sua arte, porque, no fundo, isto é arte! É uma questão de ultrapassar certos costumes tradicionais e permitir que haja uma renovação cultural. Nem é tanto uma questão de patrocínios, ou uma questão financeira, falta é uma mudança de mentalidade.



Querem deixar bananas?


Alex – Queremos dedicar às nossas famílias e a toda a crew 12M, Urban Stills,  

Kiara, Idris, Matilda, à Lúcia e ao Hugo, que estão em França, ao Faísca, que está em Londres, Chullage, Red Eyes Gang, Makongo e Vuddu, Sam The Kid, Zoogang, Natural Skills, X2Rock, Anti Gravity, pessoal das Cadas, Zona J, Bobadela, Barreiro, Baixa da Banheira, ao Orlando, da Station, Ecko, Red Bull, às Borboletas, Mr Cheeks,  Mr Mute, H2Tuga, aos b–boys em geral e ao resto da selva!

Xikano – Props também para os Hustle Kidz e Boogiemonstas, da Holanda.

Atsok – E ao pessoal que vai à nossa festa, one love para todo o mundo. E fuck the New World Order! 




Por: Sofia Meireles

Fotos: Martim Borges


FREESTYLE/2010



This free website was made using Yola.

No HTML skills required. Build your website in minutes.

Go to www.yola.com and sign up today!

Make a free website with Yola